Caminhando desde 1968

Eu hoje fui às lágrimas até
Ouvindo Geraldo Vandré
Explicando: Gente, a vida
Não se resume em festivais!
Como quem diz: As “marmeladas”
Estão instaladas em todos os cais...da vida

Foi pelo momento de poética catarse coletiva o meu choro
Catarse ocorrida no mais puro estilo popular, em coro
(Como nas antigas tragédias gregas encenadas)
Com a massa gritando enfurecida: É marmelada!!
E o grito se propagando feito flechas pelos ares
Via rádio e TV em P&B ecoando pelos lares...
Talvez o único momento em nível de Brasil
Com o povo e a flor enfrentando o canhão e o júri:
“Com a história na mão, caminhando e cantando
E seguindo a canção”... contra o coturno e o fuzil
(Seguindo a poesia da canção e não cartilhas de subversão).

Calados, Vandré e nós, o coro da canção
Que caminhamos várias utopias desde então
Chegamos até aqui esperando acontecer sem crer
E eis que chego à conclusão desta longa caminhada:
Gente, a vida é uma grande marmelada!

Sonhos Abortados


                               Sonho bom
                               Se sonha até o fim
                               Sem acordar
                               Não fica recordação
                              São como vidas passadas...

              Sonho ruim, em que se chora
              É como o viver de agora
              Se acorda no meio da ilusão
              Sobressaltado pelo feio
              Não se consegue esquecer
              Nem dormir de novo de receio
              De voltar pro meio do mesmo sofrer

                     Para a mente os reais sonhos sonhados
                     São estes sonhos abortados
                     Que são a vida dormida da qual acordamos
                     Em fuga, com medo e assustados
                     Não os feitos metáforas de desejos
                     Que diz sonhar acordada toda a gente
                     Nem os bons sonhos inconscientes
                    Que ao amanhecer nem são lembrados.

Ciclo das Nuvens


Sob um arquipélago de nuvens
Como ilhas grandes, médias e pequenas
Com formas variáveis: ora de cabeças zens
Ora das clássicas ovelhinhas pastando serenas
No campo azul do céu infinito
Cresce em mim a consciência de ser um espírito
Aprisionado na gaiola do corpo
E contido pelas grades do tempo
Na roda evolutiva de vidas e mortes
Até, como nuvens, nos dissolvermos

Nós todos que hoje vivemos
Virados em pó um dia estaremos
Como chuvas evaporadas em novas nuvens...

PESSOA ÍNTIMA

   Que Pessoa é esta na minha cama
    Que fala do amor e de Deus
    E sobre a vida e a morte dos meus “eus”?
    Que Pessoa é esta na minha cama
    Que sopra por meus olhos uma voz
    Que é um açoite de palavras cortantes
    Que penetra na calma inquieta da solidão escura
     Do alto mar da minha alma?
                Que Pessoa é esta na minha cama
                 Que canta na minha língua
                 Coisas minhas que nem eu sabia
                 Que as tinha em chamas no meu íntimo
                  E, muito menos, que eram cantáveis
                  E não apenas caladamente sonháveis?
                                           Que Pessoa é esta na minha cama
                                           Que finge tão completamente ser sua
                                           Uma dor minha que deveras sente?

ESTÉTICA


                                         Beleza é flor do campo
                                         Posta na mesa, feita um legume
                                         Feiúra é natureza morta
                                         Rejeitada na feira, feita estrume.

Apresentação do poeta CELSOLima

      Celso Afonso Lima, nascido em 1954 no interior do RGS, na região de campanha junto à fronteira com o Uruguai, é servidor público municipal de Porto Alegre (DMAE) desde 1974, formado em Engenharia de Minas pela UFRGS, estudou jornalismo e filosofia e atualmente estuda Letras. Escreve poesia desde os treze anos de idade como uma forma auto-didata de terapia de auto-conhecimento e compreensão da humanidade. Na prosa literária se introduziu durante a sua adolescência e, após um longo período envolvido com a temática política, na fase adulta passou a se dedicar ao gênero de crônicas e ensaios literários filosófico-poéticos.
      Apesar de não ter nenhum livro publicado, sua obra é bastante ampla e foi cultivada como sendo uma atividade artesanal ao longo de toda a sua vida. O autor se considera um "artesão das letras e palavras" que, como pontos e fileiras de tricô e crochê, constrói frases e textos que, como um blusão ou cachecol, são agrupados como sendo um "objeto de arte" num livro de fabricação caseira.
      Sem maiores pretensões artísticas, considera que todos podemos ser artesãos de versos e textos (ou de outras áreas da arte como a pintura e a música, conforme a aptidão de cada um) para também nos prazerearmos com os êxtases dos momentos de criação em que trazemos à luz algo que sai de dentro de nós, como um filho. Acredita que mais vale parir um poema próprio qualquer do que apenas ler centenas de belos versos dos grandes poetas consagrados.
     Uma vez que todo artesão almeja ter uma barraquinha ou uma vitrine para expor os seus produtos, Celsol produz este blog na Internet onde possa pendurar, como num grande “cordel virtual”, todas as suas obras artesanais, feito roupas íntimas estendidas num varal ao sol do cyber-espaço, submetidas ao olhar distraído dos internautas que passam à deriva agarrados no leme do mouse de seus computadores.
      As ilustrações são de Luiza Lima, filha do autor.

ELOS - LIVRO DE POEMAS


ELOS




(EM CONSTRUÇÃO ONLINE EM TEMPO REAL)




Celso Afonso Lima