O VOO DA LAGOA

Como a pata do pato
Que é boa pra caminhar
(Com grande base pra ficar em pé)
E excelente para nadar
O nosso amor é um fato
(Com maioridade pra se botar fé)
Que é ótimo de se vivenciar
E maravilhoso de se projetar voar
Como dois patinhos na lagoa...
Da vida.

EFEITOS DO VULCÃO CHILENO

Aeroportos fechados, sem teto
Nuvens carregadas de pó bruto
Cinzas espalhadas pelo chão
De várias nações vizinhas
Expelidas no fogaréu do charuto
Fumado pela natureza feita um dragão
Enquanto derramava em lavas vermelhas
O vinho do Castillero del Diablo do vulcão:
Neruda,  qué borrachera en Puyehue!

O OBSERVADOR DA MENTE

(Avidya)
Como uma criança hiperativa
A mente é altista e tímida
E paralisa as suas travessuras
Quando se sente observada
     Na insônia intensa
     Quando a mente dispara
     A pensar disparates
     Quem a manda contar carneirinhos?
             Quem nunca observou
             Seus próprios pensamentos
             (Especialmente os indesejáveis)
             E os espantou de vez
             Fazendo a mente se aquietar?
             Como isso é meditar:
             Quem nunca meditou?
                    Saiba que o observador inercial
                    Que está sempre por trás da mente
                    É a nossa natureza primordial
                    Que sobrevive soterrada
                    Pela avalanche de pensamentos
                    Que a mente produz de forma deliberada
                    Para cegar o seu observador
                    E fazê-lo cair na ignorância
                    De se confundir com o torpor
                    Esquecendo que há a mente observada
                    E esquecendo que é o observador
                    Até ficar como uma alma penada
                    Pelo jogo da mente aprisionado.