SIGNIFICAÇÃO DE SÍGNOS




Tudo tem a sua significância
Mesmo o que é considerado insignificante
É estremamente significativo
Para a hierarquia dos significados
Em nossos valores de significações
Do que importa e o que nada significa
Para o significado das emoções significativas.

DENGOSOS ALADOS


Sanitariamente, poesia à parte
Se em termos de saúde pública
As pombas urbanas são como ratos voadores
Os mosquitos contágio-transmissores
São como hipodérmicos aparelhos de injeção alados
Que com a agulha de seus inocentes bicos finos
Picam nos sadios o sangue dos contaminados
Provocando epidemias como frios assassinos
Feito o Aedes aegypti com a dengue homorrágica
Que fez fama da Ásia aos trópicos da África e América
Fazendo da proliferação do arbovirus a sua arma do crime
Conseguiu criar uma mundial tragédia modernamente homérica
Com a pandemia da dengue que, sem dengo, é cruel e firme.

A Sustentável Leveza do Ser

Viver a vida curtidamente
sem pressa de querer e desejar
mais do que pode realizar
o braço e o bolso
e a perna alcançar

Curtir a vida vividamente
de modo que a perna e o braço
e o bolso possam realizar

Viver a vida curtida na mente
sem depender do bolso para andar

Viver a vida na pernada vivamente
Tal que o braço possa com leveza sustentar.

VOYEUR DO OLHO MÁGICO




         Pelo olho mágico da minha porta
              Vejo outras portas no corredor
                     E os olhos destas outras tantas portas
                          Vêem o meu olho observador
                               O espaço de visão das nossas portas
                                     É o condomínio de expiação da solidão.

O ELO DO ÉDEN PERDIDO



E pensar que eu próprio
Que hoje vivo desta forma aburguesada
Quando guri, nadava solto no rio
Andava descalço nos matos
E nos morros cobertos de geada
Vivia como índio, em orfanatos
Bebendo, no chão, água de vertente
Sonhando em crescer para virar gente...

E pensar que eu era um filhote de animal humano
Naturalmente feliz no existir cotidiano, sem pensar.

Filosófica Conversão Tibetana


Tentei modificar o mundo
Com a revolução hippie dos costumes
Tentei mudar o meu país
Elegendo um operário presidente
Tentei melhorar o meu Estado
Colocando os trabalhadores no poder
Tentei aperfeiçoar a minha cidade
Sob o comando de líderes do sindicalismo
Tentei otimizar o meu local de trabalho
Gerenciando eu próprios as modificações
E tentei encontrar a explicação no filosofismo
Pra sucessivos fracassos e tantas decepções
Agora, como última tentativa ainda viável
Tento transformar a mim mesmo pelo budismo
Convertido por uma causa ecologicamente sustentável
Que equilibre harmoniosamente o pensar e as emoções
Como a única mudança possível neste mundo do imediatismo.