Acolchoado lunar

A lua minguante de frio
Puxou um edredom de nuvens
E se cobriu de escuro na noite nublada
Pra chorar sua solidão numa chuvarada.

Explorando o Universo


Senhoras e Senhores, respeitável público
Estamos assistindo no escurinho da noite
No conforto de nossas poltronas
Ao grande espetáculo da Terra
Projetado na esfera celeste deste imenso circo
Feito um observatório astronômico
Mostrando os astros do céu noturno
Desfilarem do nascer ao ocaso no horizonte.

Ao focarmos nossos potentes telescópios modernos
Para muito além do nosso jovem sistema solar
Viajando de carona em satélites e sondas espaciais
Podemos observar que no início era um Todo-Uno
Parado na imensidão infinita do universo eterno
Que subitamente – por obra de Deus? – explodiu no Big-Bang
Dando partida ao movimento do tempo-espaço
Há 13,7 bilhões de anos atrás...

Isto mesmo, 13.700.000.000 anos-luz
É a dimensão do raio da esfera do Cosmos
É o tamanho do Universo conhecível
Onde as estrelas são apenas 0,5% da sua massa
E o resto, além da poeira, é feito do inconcebível
De  matéria e energia escura: 90% do Universo!
Pasmem, com toda a tecnologia da civilização humana
Temos ciência de 10%, sabemos de uma parte ínfima
Da matéria que existe e caracteriza o espaço cósmico...

Devido às sua imensas dimensões
O universo é um grande vazio
E, paradoxalmente, tudo é aos bilhões
Assim como em nós há bilhões de células e neurônios
São bilhões de galáxias
Com bilhões de estrelas cada uma
Distantes trilhões de quilômetros umas das outras
Empoeiradas possivelmente com bilhões de planetas
Sendo que três centenas deles já foram localizados...

E agora, sabendo disto tudo, volta a pergunta ontológica:
Quem somos e onde estamos?...
Respondida pelo geocentrismo de Aristóteles e Ptolomeu
Da antiguidade até pouco depois de Cristo ser crucificado
E pela concepção heliocêntrica de Copérnico e Galileu
Na época da luneta em que Cabral descobria o Brasil
E pela lei da gravitação universal da maçã de Newton
E também pela Teoria da Relatividade do tempo-espaço de Einstein
De antes da Revolução Francesa até após a Segunda Guerra Mundial
 Mas...
Contudo, todavia, senhoras e cavalheiros, a pergunta persiste:
Quem somos, onde estamos? Seremos os únicos?...
Ouçamos, pois, o que os lunáticos astrônomos atuais têm a nos dizer:
As estrelas, como o Sol, se formam de nuvens moleculares
Que ao serem perturbadas se colapsam  formando proto-estrelas
E as poeiras restantes se aglutinam gerando dois tipos de  planetas
Os sólidos rochosos e os gasosos feito Júpiter, o maior de todos
Sendo que a pressão gravitacional sobre o núcleo da estrela nascente
Provoca a ignição da fusão nuclear que será sua fonte de energia
Bateria com garantia de vida útil entorno de 10 bilhões de anos...

As grandes nuvens moleculares, berçários de estrelas
São conhecidas como Nebulosas, feito a Nebulosa da Águia
Que formam imagens fantásticas esculpidas pela jovem luz estelar
 Dos aglomerados de estrelas gerados no ventre de uma  Nebulosa
Mas, como nós, a estrela cresce e  envelhece  até ser uma Gigante Vermelha
E, quase todas, as comuns como a nossa, depois encolhem  e viram uma Anã Branca
E igual a todos seres  vivos as estrelas também vão se esfriando e morrem
As maiores explodem como Super Nova, semeando novas nuvens moleculares
Que irão produzir novas estrelas e sistemas planetários, no eterno ciclo cósmico

É bem possível que não sejamos os únicos seres vivos do universo
Pois há outros planetas e satélites habitáveis pela vida terráquea
Bem como é possível que haja outros tipos de vidas alienígenas
Mas é muitíssimo improvável que consigamos contatos mediados
Com civilizações inteligentes e com desenvolvimento tecnológico
Devido às grandes distâncias, pois o sinal de rádio levaria milênios
Para chegar num planeta extra-solar, e outro tanto para se obter a resposta
Sendo alta a probabilidade de que ambas civilizações já tenham sido extintas
Antes que a comunicação se completasse entre nós e os seres extraterrestres
E é praticamente impossível se estabelecer contatos imediatos com ETs
Devido à assombrosa quantidade de energia que seria consumida
Para que ÓVNIS pudessem percorrer tamanhos espaços cósmicos...
Do sol a luz percorre em 8 minutos sua trajetória até a Terra
Da estrela mais próxima a luz leva quatro anos para chegar até nós
No objeto mais distante visível a olho nu, a Galáxia de Andrômeda
Estaremos olhando para a luz de um passado de 3 bilhões de anos
Sendo que alguma estrelas que vemos podem estar mortas há muito tempo...

E assim, caríssimos leitores ouvintes
Será que podemos finalmente responder
Ao enigma que não quer calar
Nem se deixar decifrar:
Quem somos e onde estamos?...

Perfeitamente perfeito
É assim que o mundo foi feito
Sem ninguém saber explicar
Dizer que foi o Big-Bang o autor
Que ao explodir gerou tanto calor
Que deu ignição ao nosso universo estelar
Não responde o que é que explodiu:
E o que havia antes da explosão começar?
Tampouco impossibilita que outros Big-Bangs
Tenham gerado diferentes universos paralelos
E que seja realmente infinito o espaço celeste a brilhar
Do qual, talvez, jamais saberemos desatar os elos
E a pergunta como um cometa vai continuar a vagar:
Quem somos e onde estamos?...

Ronja: saudades y hasta la vista!

Ronja, menina alemã
Que atravessou o Atlântico profundo
Pra ser das minhas filhas uma irmã
E promover um intercâmbio de afetos
Entre o Velho e o Novo Mundo
Entre os descobridores das nações européias
E os descobertos nativos das Américas
Pra nos ensinar em suas andanças e epopéias
Como aprender o idioma português e suas métricas
Além do espanhol, do inglês e do alemão...
Pra nos ensinar com seu jovem exemplo destemido
Como podemos ser do mundo globalizado um cidadão
E por onde andarmos sermos por todos querido.

Ronja, mi hija alemã
Saudades y hasta la vista!

MINHA LUTA ÍNTIMA

Eu luto para que o meu luto
Da dor que choro em silêncio
Sufocada na solidão do peito
Não se transforme em pânico
E transborde de qualquer jeito.
               Eu luto para assimilar o golpe
               Pois agora entendo na carne
               Os ensinamentos sagrados
               Dos velhos mestres do Oriente
               De que há muitas mortes
               De si mesmo em cada um
               Numa mesma existência
               Sob as estrelas do firmamento.
                                Conforme os apelos dos ensinos antigos
                                Luto pela superação dos apegos
                               Com o rompimento dos elos
                               Que unidos formam os egos
                               Que nos aprisionam inconscientes
                               Nos ciclos de desejos de nossas mentes.
 Eu luto para que o meu luto
Da morte da consciência-de-mim
Fundada em automatismos sem fim
Signifique o rompimento da ignorância ávida
Da verdadeira natureza dos fenômenos da vida.