O rio São Francisco visto da beira
Das dunas de areia do deserto de sua foz
Parece ser um rio comum na cheia
Pois nem se ouve na pororoca a sua voz
O Velho Chico visto de dentro de suas águas
Impõe respeito por se revelar profundo
E por separar Estados como mundos
Em suas margens de nordestinas praias
Mas o Grande São Francisco visto do alto
Sob nuvens pela pequena escotilha do avião
É que se expõe em sua imensa real dimensão
E nos emociona por nos surpreender de assalto
Serpenteando em meandros do limite do olhar
Por toda terra até a outra linha do horizonte no mar
Como um espelho d’água atravessando o planeta
Feito uma vertente que escoa como um rastro de cometa
E que tem por nascente pontual o céu de cima, no oeste
Até ser represado no Atlântico mar de baixo, ao leste
De quem volta do nordeste para o extremo-sul, a voar.